domingo, 23 de setembro de 2007

Trabalho 2 त्रबल्हो३ २











work in progress
वर्क इन प्रोग्रेस
(montagem da moldura em Pondycherry)

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Pós-produção पोस प्रोदु





A pós-produção foi composta de duas fases: emolduramento e transporte.

Todas as obras foram emolduradas em Pondycherry com caixilhos locais e artesanais.
O custo deste processo foi de aproximadamente 200 Euros.

O transporte ficou a cargo da empresa “Goods India Export”, sediada em Pondycherry, por ter sido a que mais confiança me inspirou em termos de segurança exigida no processo de transporte.

As 37 telas foram embaladas e posteriormente acondicionadas em 5 caixotes de madeira que saíram do porto de Chennai a 26 de Setembro de 2006, com chegada prevista a Portugal no dia 31 de Outubro de 2006.
O transporte das obras teve um custo de 19.620 rupias, aproximadamente 490 Euros.
Não foi feito seguro de transporte.

Meio de transporte मियो ट्रांस्पोरते



Esta era a mota que utilizava para ir buscar tintas a Pondycherry.
Aquela foi uma queimadura grave que estava a ver que não cicatrizava, com toda aquela humidade e pó. Foi feita no tubo de escape da mota...principiante...

Utensílios:Estampas para Henna talhadas a madeira उतेंसिलिओस एस्ताम्पस ताल्हादास मडिरा




Estampas de madeira que funcionam como carimbos artesanais, utilizados frequentemente nas pinturas com Henna, esculpidas em alto-relevo.

Utilizam temas frequentemente religiosos ou ligados à simbologia popular.

Estas estampas são disseminadas por toda a Índia, mas são tradicionalmente trazidas por gentes do norte do país.
Normalmente não se encontram à venda – consegui reunir algumas estampas através de mulheres do Rajastão que se ocupavam a pintar (estampar) desenhos com Henna na pele dos turistas.

Auroville e a alteração do local de residência औरोविले ए अल्तेर दो लोकल रेसिदेंचिया



Auroville é um método como qualquer outro de colonização...

A ideia inicial desta residência centrou-se precisamente no tema da Utopia versus Matéria.

Matéria porque o verdadeiro entusiasmo do meu trabalho sempre foi a diversidade de materiais e dos seus comportamentos em diversos suportes, a alquimia e a fisicalidade da obra plástica.
Utopia porque a entidade acolhedora inicial, a cidade de Auroville, tem como sistema organizacional um modelo único, com uma matriz completamente utópica nos seus princípios e objectivos, até na metafísica que supostamente defende, um ideal de unificação humana.

O modelo de residência artística que sigo tem como principal característica a aproximação aos materiais locais dentro de condições de trabalho minimamente exigíveis.
Julguei, com base no conhecimento que tinha, que o ambiente criado num local único como Auroville e o convívio com outros artistas iriam ser factores preponderantes na boa condução da minha residência artística.

A realidade revelou-se outra. A quebra dos pressupostos iniciais, a falta de condições mínimas de trabalho e o ambiente não favorável à criação artística, tal como eu a concebo, levou-me a repensar todo o projecto de residência e reinstalar-me procurando assim diferentes parceiros do que anteriormente previsto, e a refazer em parte o tema mestre deste projecto de residência.

Outra grande razão para o meu abandono de Auroville foi o facto de não existir a coabitação com outros artistas de outras partes do mundo, como estava anteriormente programado. Esses artistas estavam dispersos em várias partes do país, não trabalhando juntos naquela residência ao mesmo tempo.

A partir daqui continuei sozinho na busca de condições mínimas de trabalho, e o trabalho conjunto com outros artistas aconteceu somente com artistas locais e artesãos.

Esta alteração foi transformada numa vantagem e não num problema; as situações adversas e imprevistas tal como a tentativa e o erro na minha própria pintura são integradas e aceites como possibilidades enriquecedoras – também isto faz parte da minha concepção de residência artística.

A imprevisibilidade inerente a este modelo de residência é assim uma das bases em que assenta a minha motivação além, claro, da mobilidade e da interacção que ela proporciona no que toca à absorção de materiais, utensílios e técnicas nativas, caracterizadoras de um povo, seita ou grupo de pessoas.



Localização da residência लोकलिज़ द रेसिदेंचिया


Enquadramento administrativo de Auroville इंकुद्रमेंतो अद्मिस्त्रतिवो डी औरोविले


O enquadramento administrativo de Auroville é o de uma cidade internacional sob administração do Governo Indiano e da UNESCO através da “Division of Higher Education”.
Desde o seu começo Auroville tem recebido o apoio incontestável da Conferência Geral da UNESCO.
Em 1988 o Governo Indiano aprovou o decreto-lei “Auroville Foundation Act”, que estabelece a cidade de Auroville como uma Fundação juridicamente constituída assegurando assim que a cidade se possa desenvolver de acordo com os seus próprios princípios.

Entidade acolhedora: Auroville एन्तिदादे अकोल्हेदोरा: औरोविले


Auroville Tamil Nadu situa-se perto de Pondicherry, no sul da Índia. Construída com o propósito de realizar a unidade humana na diversidade artística, a cidade é, acima, de tudo, um laboratório vivo. Diversas experiências aos mais variados níveis são apoiados e fortemente encorajados.
Conta actualmente com cerca de 2 mil pessoas, um terço das quais indianas e as demais originárias de 38 países de todo o mundo। Nos passados 38 anos, Auroville tem crescido e actualmente engloba mais de 100 locais de residência espalhadas por 26 km quadrados.

A génese de Auroville baseia-se na necessidade primordial de auto conhecimento individual e artístico dentro de um contexto social, moral, cultural, racial e hereditário.

No seu núcleo estão os conceitos de liberdade e conhecimento. Auroville não existe apenas como cidade internacional onde pessoas de diferentes origens vivem e convivem. Muito além desta dimensão internacional, a cidade organiza-se e desenvolve-se, em todos os aspectos vivenciais, pela arte como auto-descoberta.

Constituição da Utopia Foi em Fevereiro de 1968, na cerimónia de inauguração de Auroville, que representantes de mais de 100 países trouxeram um punhado de terra proveniente dos seus locais de origem como gesto simbólico de unificação humana e desenvolvimento individual numa lógica de vivência colectiva.

Em constante evolução, hoje a cidade começa progressivamente a tomar a forma intencionada pelos seus fundadores, radiando a partir do centro, onde se situa o monumento Matramandir e formando quatro zonas distintas - Internacional, Cultural, Residencial e Industrial.

Os residentes dedicam-se a muitas actividades diferentes incluindo a regeneração ambiental, pesquisa em técnicas artísticas, tecnologia, arquitectura, investigação e educação.

Auroville foi concebida para albergar cerca de 50000 habitantes. Hoje este número ronda cerca 2000 habitantes provenientes de cerca de 38 nações, vivendo em mais de 100 locais de residência de tamanho variável separados por aldeias e templos. A cidade é rodeada por aldeias Tamil com uma população total de 35000 pessoas.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Utensílios- Pinceis पिंसिस


Pincéis e trinchas
Foram utilizados ao longo de todo o trabalho pincéis e trinchas comuns na construção civil, sem traços que as distingam das utilizadas por mim em Portugal.

Utensílios - estampas metálicas de bindi- उतेंसिलिओस मेतालिकास दे बी


Estampas metálicas de Bindi
Minúsculas estampas metálicas utilizadas por mulheres na ornamentação. As tintas são vendidas em pequenos cilindros nos mercados.
Servem essencialmente para emprestar alguma “filigrana” ou pormenor ao Bindi.

domingo, 1 de julho de 2007

Desenhar em papel na missão - उम समाना देसेंहर पपेल


Mesa de trabalho de onde não saiu nem um único desenho...

Fabricação de papel artesanal - फब्रिकाकाओ पपेल अर्तेसनेल



Assisti à fabricação de papel artesanal na ”Sri Aurobindo Handmade Paper”, em Pondycherry.

A técnica utilizada era a seguinte: eram colocados, num tonel cheio de água, pedaços de bambu, folhas e cascas de Amoreira, ramos e trapos velhos, e aí eram deixados em maceração. Após algum tempo era adicionada a cal, para o desfibramento de todo o material. Formava-se, então, uma verdadeira pasta. Submergia-se nesta massa um quadrado de madeira, a forma, revestido por um tecido de malhas finas (seda), que ficava completamente coberto. O quadrado era retirado com a massa e deixado a escorrer a água. A polpa era retirada posteriormente e estendida sobre uma mesa. Esta operação era repetida várias vezes, e assim eram feitas várias camadas, formando uma folha de papel. Para terminar, a folha era posta ao sol para secar.

Foram adquiridas 150 folhas deste papel que serviu para uma série de desenhos produzidos em Truvannamalai a 08 de Agosto.
A compra do papel teve um custo de 178 rupias, sensivelmente 5 Euros.

Eu e o Gopi - एउ ए ओ गोपी


TÉCNICAS: Preparação da tela e do bastidor - प्रेपराकाओ तेला बसतिद


As telas e os bastidores foram construídos utilizando materiais e técnicas daquela zona pelo artista local Gobi Dhanapal (na foto), que se revelou uma ajuda imprescindível em todo o processo de trabalho.

As madeiras eram compradas a peso numa serração em Pondycherry, e a construção do bastidor era
desenvolvida no meu próprio local de trabalho, tal como a preparação da tela. Este processo de construção respeitou uma técnica ali utilizada tradicionalmente.
A preparação da tela teve a particularidade de passar por um revestimento muito fino de cola de madeira com tinta plástica branca, à semelhança do que faço em Portugal.


O que daqui resultou foi o aspecto artesanal das telas, resultado que acompanha perfeitamente a grande linha orientadora deste projecto de residência, a possibilidade de explorar e trabalhar unicamente com materiais autóctones.

Foram construídas 45 telas com duas dimensões diferentes, 90cm x 90cm e 40cm x 40cm.

TÉCNICAS: Pintura corporal com Henna - पिंतुरा कोर्पो हेन्ना


A pasta de Henna é normalmente aplicada na pele usando um cone de plástico ou um pincel, mas muitas vezes é usado um pequeno frasco com uma ponta metálica, muito habitual na pintura em seda। Após a aplicação a área em questão é enrolada em tecido fino de algodão, ou em plástico, de maneira a reter o calor do corpo e assim originar uma cor mais intensa e contrastante com a pele. O invólucro é mantido enquanto for possível, e finalmente retirado. A cor final resulta em castanho-avermelhado e pode durar entre uma semana e um mês, dependendo da qualidade da pasta.


Antes de me apropriar finalmente da Henna no meu processo de trabalho procurei saber o comportamento original deste material.
Efectuei várias pinturas corporais segundo a técnica e padrões habituais.
Existem partes do corpo onde a Henna penetra melhor, nomeadamente na palma das mãos e planta dos pés।


Os padrões são tipicamente bastante intrincados, e na sua maioria destinam-se ao enfeite de noivas antes do casamento. No entanto, segundo tradições de muitas partes do mundo, como Bangladeche, Índia e Sudão, também os noivos devem ser pintados. No Rajastão (noroeste indiano), onde o mehndi é uma arte popular bastante antiga, os desenhos destinados aos noivos são tão elaborados quanto os das noivas.
Em Kerala (sudoeste indiano), a Henna é conhecida por Mylanchie, e é vulgarmente usada pela comunidade Mappila (muçulmana) nos casamentos mas também em festivais. Noutros países, como Marrocos, a Henna pode ser usada em qualquer ocasião especial. Por exemplo, ao 7º mês de gravidez, após o parto, em casamentos, festas de noivado, reuniões familiares, ou em qualquer outra situação digna de ser comemorada.

A maior dificuldade que encontrei, no que toca à utilização da Henna nos meus trabalhos em tela, foi na fixação. Tradicionalmente é fixada com açúcar e limão, embora existam óleos para optimizar a fixação.

TÉCNICAS: Bidi - बीडी



Chama-se bindi (em hindi significa "ponto") a um ornamento feito na fronte das mulheres, homens e por vezes animais sagrados, usado no sul e sudeste da Ásia। Pode também ser chamado pottu ou tilaka, (podendo este ser usado também noutras partes do corpo. Normalmente é feito no risco do cabelo das mulheres casadas e na testa dos padres hindus, dos hindus praticantes e de outros hindus, em cerimónias religiosas).
Segundo a tradição, as mulheres indianas casadas usam o bindi na testa. O bindi tradicional é feito com pó sindoor vermelho ou também com unguento preto. É aplicado na região do ajna (o sexto chakra, de acordo com a crença hindu, localizado na testa), um dos centros humanos de energia física e espiritual que representa o terceiro olho, ou o olho "espiritual". Crê-se que o bindi evita perdas de energia e atrai a sorte.
Actualmente, o bindi tornou-se principalmente num elemento decorativo e é usado também por mulheres solteiras e até por mulheres não hindus, na Índia, Bangladeche e noutros países do subcontinente indiano। Já não há restrições quanto à sua cor ou forma. Também se encontram com grande facilidade bindis adesivos feitos de feltro de várias cores e com várias formas.
Os bindis podem ser usados pelas mulheres, homens e crianças da diáspora indiana fora da Índia. Também alguns ocidentais convertidos a seitas hindus (Hare Krishna, por exemplo) podem eventualmente ser vistos com um bindi.
Vulgarmente associados às mulheres, os bindis podem no entanto ser usados, individualmente ou como parte integrante de uma marca mais elaborada de casta (naamam), pelos homens hindus mais estreitamente ligados à tradição.

Trata-se aqui de pigmentos naturais, facilmente solvíveis em água e de baixo custo.
Podem ser encontrados nos mercados e em todos os templos.

TÉCNICAS: Kolam - हेन्ना



O Kolam (em Tamil) é um desenho decorativo feito com pó de arroz pelos membros femininos de cada família à frente das suas casas. Um Kolam é uma espécie de oração pintada - um desenho de linhas composto por curvas, desenhadas sobre uma rede de pontos. Geralmente é simétrico.
O Kolam é entendido como algo que traz prosperidade aos lares. Em ocasiões especiais, pode também ser feito com pó de calcário e de tijolo para dar contraste aos desenhos. Normalmente é usada farinha de arroz seco mas, para dar maior longevidade ao desenho, por vezes é usada pasta de arroz diluído ou até mesmo tinta. Algumas interpretações modernas já integraram o giz, mas a última "tecnologia" usada para criar kolams é mesmo o autocolante decalcável (que contraria por completo a intenção original).
Todas as manhãs, no sul da Índia, milhões de mulheres desenham kolams no chão। Durante o dia, os desenhos são pisados, desfeitos pela chuva ou disseminados pelo vento; no dia seguinte, nasce um novo kolam.


Antes do nascer do sol, o chão é limpo com água e bem varrido para que fique nivelado। Os desenhos são geralmente feitos com a superfície ainda húmida, para que o pó agarre melhor। Ocasionalmente, também pode ser usado excremento de vaca para cobrir o chão - a protecção que oferece à casa é literal, dadas as suas propriedades anti-sépticas. Também ajuda a emprestar contraste ao pó branco dos desenhos. Mas o efeito decorativo não era o único objectivo original dos kolams. No passado, eram feitos com farinha de arroz crua, para que as formigas não se tivessem de esforçar tanto por uma boa refeição. O pó de arroz parece atrair aves e outros animais de pequeno porte, trazendo assim outros seres às casas e ao quotidiano dos humanos: o kolam é, na realidade, uma homenagem diária à coexistência harmoniosa. De realçar também são os supostos benefícios físicos que o kolam traz à “artista”. Crê-se que o facto de diariamente se dobrar para desenhar no chão melhora o seu sistema digestivo, reprodutor e favorece o alongamento geral do corpo. O kolam é também um sinal de boas-vindas a todos os que queiram entrar em casa (muito em especial a Lakshmi, a deusa da prosperidade). Os padrões vão do geométrico e matemático criado sobre uma matriz de pontos até às criações artísticas mais livres e às formas fechadas. A tradição evoluiu no sentido de ordenar que as linhas devam ser concluídas e fechadas, de modo a simbolicamente evitar que os maus espíritos cheguem ao interior das formas, assim barrados também de entrar nos lares.


Conseguir desenhar padrões complicados e extensos sem levantar a mão do chão (ou sem nunca desdobrar as costas para ficar de pé) já foi em tempos uma questão de orgulho. O mês de "Margazhi" era esperado com ansiedade pelas raparigas, que mostravam então as suas habilidades cobrindo a largura de uma estrada com um único kolam gigante! Esta era de facto uma prova de mestria, uma vez que o mesmo kolam não pode ser repetido durante 30 dias.
Em cerimónias especiais, como casamentos, os padrões rituais do kolam criado para a ocasião podem alongar-se por toda a rua. Os padrões geralmente são passados de geração em geração, de mãe para filha.

MATERIAIS: Henna - हेन्ना




A Henna (Lawsonia inermis, ou L. alba) é uma planta com flor, a única espécie do género Lawsonia na família Lythraceae. Cresce naturalmente nas regiões tropicais e subtropicais de África, do sul da Ásia e do norte da Australásia, regiões com climas áridos ou ciclicamente secos.
A utilização mais popular da Henna é na aplicação de tatuagens temporárias no corpo. Este costume existe um pouco por todo o mundo. O mais usual é ser feita nas mãos e nos pés, onde supostamente os desenhos durarão mais tempo.

MATERIAIS: Laca Indiana - लका इन्डाना


Tintura vermelha orgânica natural derivada de uma secreção resinosa da larva do insecto Coccus lacca que vive em certas árvores da espécie Croton ficus, na Índia, Birmânia e outros países do Oriente. Também utilizada como verniz quando processada de forma alternativa, produzindo o popular shellac, verniz de uso muito popular na pintura a óleo.

MATERIAIS: Amarelo Indiano - अमरेलो इन्डानो


Extracto orgânico preparado originalmente na área de Bengal, na Índia, derivado da urina de vacas alimentadas exclusivamente de folhas de mangueira. Era vendida em extracto seco no formato de bolas com aparência externa acastanhada mas com interior de cor amarelo-limão brilhante. A sua venda é actualmente proibida por lei. O que vemos hoje é um substituto sintético com qualidade similar.
Adquiri-o em sacos de 100, 200 ou 500 gramas, em todos os mercados a que fui, nomeadamente em Truvannamalai, Tirukkoyilor e Chennai.

MATERIAIS: Pigmentos - पिग्मेंतोस


Os pigmentos são um material essencial e incontornável na vida e no quotidiano de muitos milhões de indianos.
Os pigmentos são utilizados para fins religiosos e simbólicos, na culinária, na cosmética, na arte, nos rituais domésticos, etc।


O meu levantamento centrou-se nos pigmentos de origem natural utilizados para fins religiosos ou simbólicos e nos de estampagem de tecidos, de origem química.
De todos os pigmentos utilizados destacam-se dois, “o amarelo indiano” e a “Laca Indiana”.

MATERIAIS: Tintas ornamentais dos templos e igrejas - तिन्तास ओर्नामेंतैस दे तेम्प्लोस ए इग्रेजास


Tintas sintéticas ou plásticas comuns na construção civil. O que as torna um material interessante, além de serem usadas na ornamentação de lugares de culto, é a diversidade de cores disponíveis.

As cores que mais utilizei foram as primárias, de onde se destacam o “vermelho sangue”, o “azul marinho” e os diferentes tons de amarelo e laranja.
Este tipo de material (sintético) é facilmente encontrado em Portugal, mas em cores mais escuras e tons mais sóbrios. Este é um material que trabalho com muita frequência.

Este factor foi decisivo para uma mudança cromática no meu trabalho em residência, em comparação com os trabalhos realizados em Portugal.

MATERIAIS: Pó de arroz - पो de अर्रोज़

Este pó é vendido nos mercados, e a sua venda destina-se quase exclusivamente à composição de Kolams. (ver: पोस्ट Kolam)

Pesquisa de materiais - पेस्कुइसा दे मतेरिईस





Os materiais foram recolhidos em mercados, locais de culto, como templos e igrejas, pontos de venda de materiais de construção, ou fábricas de estampagem de tecido.
O total dispendido na compra de materiais foi 210 Euros (mais 60 Euros do que inicialmente previsto).


Novos parceiros / Novas condições de trabalho- नोवोस पर्सिरोस नोवास कोन्दिकोएस











27 de Junho a 29 de Agosto





Após a saída de Auroville, uma semana depois de ter chegado à Índia, ainda não tinha local fixo de trabalho.
Nessa altura reatei contactos com uma ONG francesa na pessoa de Danny Egreteau, a NANGAL, instalada a 13 km de Auroville em Nellikuppam, contactos que tinham sido efectuados ainda em Lisboa durante a execução do ante-projecto de residência.

Nellikuppam está situada entre Pondicherry e Auroville, no golfo de Bengal, que há 5 anos sofreu o devastador impacto do último tsunami. É com as crianças sobreviventes do tsunami de 25 de Dezembro de 2004 que a NANGAL trabalha, ao abrigo do projecto “Building Hope Healing Lives Post Tsunami”.

Os membros desta ONG vivem num campus a curta distância do mar, em “huts” (casas características de Tamil Nadu, construídas com troncos de bambu e com telhado de folhas de palmeira), onde me instalei no dia 27 de Junho.

Desde o início toda a cúpula da associação NANGAL se mostrou muito receptiva em acolher-me, dando-me as condições que procurava. Apesar da diferença de objectivos entre a minha actividade e a actividade da organização, a ideia de ter um artista a trabalhar no seu espaço foi muito bem recebida de modo a proporcionar-me, tanto quanto possível, condições logísticas para desenvolver paralelamente o meu projecto.

Essas condições passaram pelo aluguer de uma das cabanas disponíveis, com 15 m2, para trabalhar e habitar; o espaço de trabalho era cerca de 7m2. O custo foi calculado em 250 rupias diárias que, apesar de se tratar de uma quantia quase simbólica, constituiu uma derrapagem financeira no projecto.
No orçamento inicial a estadia era inteiramente suportada pela entidade acolhedora .

Por tal não ter sido possível, o alojamento foi custeado através de auto-financiamento.








Religião como tema de trabalho रेलिगीओं कामो टेम दे त्रबल्हो




Hinduísmo, Shivanismo e Cristianismo em Tamil Nadu, características religiosas do povo Tamil, miscenização hindu-cristã. Signos, símbolos e rituais.

A religião é, desde há muito, um tema que tenho explorado, inclusive em residências anteriores. A Índia e o clima espiritual totalmente presente na mente e vida de cada um, muito em especial neste estado indiano, onde a miscenização religiosa se alia ao espírito profundamente tolerante do povo Tamil, foram muito rapidamente apropriados por mim como potencial base temática de trabalho.

As 4 religiões predominantes, Hinduísmo, Cristianismo, Islamismo e Budismo, com símbolos e signos manifestos através de uma cultura visual tão afirmativa quanto caótica, levaram-me a querer, e no decurso da primeira fase de pesquisa, a aproximar-me dos locais de culto, cerimónias e festivais religiosos (ver: 8. Produção).
A forma como essas diferentes religiões, costumes e crenças convivem no espaço público é realmente impressionante para quem conhece a Índia pela primeira vez.

A riqueza simbólica do Cristianismo e do Hinduísmo (e, em particular, do Shivanismo, tendência religiosa dentro da religião hindu, massivamente disseminada no sul do país, que prescreve Shiva como supremo Deus) tornou-se cada vez mais evidente e interessante enquanto experiência plástica.

Projecto Utopia x Matter प्रोजेक्टो उतोपिया एक्स मत्तेर


O projecto “UTOPIA x MATTER” consistiu num trabalho prévio e exaustivo, com a duração de um mês, de recolha de materiais (tintas e pigmentos), suportes (telas e sua fabricação) e utensílios autóctones de produção pictórica na região de Tamil Nadu, para serem utilizados no decurso da residência e posteriormente apropriados para o desenvolvimento do trabalho plástico em Portugal.
Não foi utilizado nenhum material ou tela que não fosse adquirido no local. A pesquisa dos materiais incidiu em pigmentos naturais locais, provenientes de aldeias limítrofes a Auroville, núcleos de construção civil ou de ornamentação religiosa ou outra em Chennai (Madras), adquiridas em estabelecimentos de materiais de construção, e em todos os sítios onde se possam encontrar outros materiais plásticos interessantes para o trabalho e que estejam em harmonia com o meio।

Esta residência artistica realizou-se de 19 de Junho a 19 de Setembro de 2006.

Quem?- कुएं?

Jorge L. Cruz nasceu a 25 de Junho de 1974, em Lisboa, onde reside e trabalha. Teve a sua formação em Artes Plásticas (Desenho e Pintura) no AR.CO Centro de Comunicação Visual de 1991 a 1994. Desde há muito que alia o seu trabalho de pintura a uma pesquisa de novos materiais, instrumentos e suportes físicos ao seu percurso plástico, tendo como finalidade a aprendizagem, pela via da experimentação, de novos modos de pintar e de entender a cor. Para este artista, a atenção não se concentra nem no momento inicial da tela em branco, nem na sacralização final da obra acabada, mas sim no processo de produção em si, meio pelo qual consegue imprimir ao seu trabalho um método quase artesanal e etnográfico de ver as diferentes técnicas.


Jorge L. Cruz was born on the 25th June 1974, in Lisbon, where he currently lives and works. He studied Visual Arts (Drawing and Painting) in AR.CO Centro de Comunicação Visual, from 1991 to 1994. For a long time now, he has been allying his work as a painter to the endless research for new materials, tools and physical media that better convey his artistic vision. The main goal is to learn, through experimenting, about new ways of painting and of understanding colour. He doesn't focus on the initial moment set by a blank canvas, nor does he sacralize the finished painting - the process through which each work is produced, that is his main concern, the way he can employ on his work some sort of ethnographic artisanal method of manipulating different techniques.