domingo, 1 de julho de 2007

TÉCNICAS: Kolam - हेन्ना



O Kolam (em Tamil) é um desenho decorativo feito com pó de arroz pelos membros femininos de cada família à frente das suas casas. Um Kolam é uma espécie de oração pintada - um desenho de linhas composto por curvas, desenhadas sobre uma rede de pontos. Geralmente é simétrico.
O Kolam é entendido como algo que traz prosperidade aos lares. Em ocasiões especiais, pode também ser feito com pó de calcário e de tijolo para dar contraste aos desenhos. Normalmente é usada farinha de arroz seco mas, para dar maior longevidade ao desenho, por vezes é usada pasta de arroz diluído ou até mesmo tinta. Algumas interpretações modernas já integraram o giz, mas a última "tecnologia" usada para criar kolams é mesmo o autocolante decalcável (que contraria por completo a intenção original).
Todas as manhãs, no sul da Índia, milhões de mulheres desenham kolams no chão। Durante o dia, os desenhos são pisados, desfeitos pela chuva ou disseminados pelo vento; no dia seguinte, nasce um novo kolam.


Antes do nascer do sol, o chão é limpo com água e bem varrido para que fique nivelado। Os desenhos são geralmente feitos com a superfície ainda húmida, para que o pó agarre melhor। Ocasionalmente, também pode ser usado excremento de vaca para cobrir o chão - a protecção que oferece à casa é literal, dadas as suas propriedades anti-sépticas. Também ajuda a emprestar contraste ao pó branco dos desenhos. Mas o efeito decorativo não era o único objectivo original dos kolams. No passado, eram feitos com farinha de arroz crua, para que as formigas não se tivessem de esforçar tanto por uma boa refeição. O pó de arroz parece atrair aves e outros animais de pequeno porte, trazendo assim outros seres às casas e ao quotidiano dos humanos: o kolam é, na realidade, uma homenagem diária à coexistência harmoniosa. De realçar também são os supostos benefícios físicos que o kolam traz à “artista”. Crê-se que o facto de diariamente se dobrar para desenhar no chão melhora o seu sistema digestivo, reprodutor e favorece o alongamento geral do corpo. O kolam é também um sinal de boas-vindas a todos os que queiram entrar em casa (muito em especial a Lakshmi, a deusa da prosperidade). Os padrões vão do geométrico e matemático criado sobre uma matriz de pontos até às criações artísticas mais livres e às formas fechadas. A tradição evoluiu no sentido de ordenar que as linhas devam ser concluídas e fechadas, de modo a simbolicamente evitar que os maus espíritos cheguem ao interior das formas, assim barrados também de entrar nos lares.


Conseguir desenhar padrões complicados e extensos sem levantar a mão do chão (ou sem nunca desdobrar as costas para ficar de pé) já foi em tempos uma questão de orgulho. O mês de "Margazhi" era esperado com ansiedade pelas raparigas, que mostravam então as suas habilidades cobrindo a largura de uma estrada com um único kolam gigante! Esta era de facto uma prova de mestria, uma vez que o mesmo kolam não pode ser repetido durante 30 dias.
Em cerimónias especiais, como casamentos, os padrões rituais do kolam criado para a ocasião podem alongar-se por toda a rua. Os padrões geralmente são passados de geração em geração, de mãe para filha.

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